[Silêncio] - 2008

23 de dez. de 2008 5 comentários














Silêncio do rosto
De uma lágrima se movendo sem gosto
O som mudo e passageiro...
O mundo cego e sem voz!
Onde para algumas palavras...
Somos sempre estrangeiros!

Silêncio de borda de rio...
O ruído sutil, o acariciar das folhas no vento
O jejuar da terra, o roçar dos pés nela!
O encontro sincero do peito!
Um segundo quase eterno!
O que antes parecia desespero
No silêncio é a vertigem da fraqueza frente a natureza...
A nossa natureza!

Imperfeita e egocêntrica!
Grandiosamente medrosa!
No lapidar das pedras
No calejar dos caminhos
O que resta é sempre o silêncio
Um sorriso silêncio oferecido!

Silêncio das estacadas nas pedras
Das feridas que revestem os dedos
Do corte quase indolor que oferece o novo dia,
Que é para esconder do peito a verdadeira dor
A ausência sentida de uma despedida!

Silêncio de quem não acompanha a rima
Quando o coração está doente
Quando o mundo não vislumbra no ventre a alegria!

A dança dos pés sempre a sós, E nem sempre só...
Quando acompanhados da poesia do pescador
Que é quem sonha com o novo mar!
Que é quem despeja nele o sal que a outros vai curar...

E é tudo silencioso!
Como o silêncio calado dos amores coerentes...
Como o jazer do corpo sem vinda, no cessar da vida!
Como o arco íris quando alcança a avenida!
Ou algum olhar perdido na janela do quarto...

Silêncio do gelado do sorvete na boca!
Da chuva na tarde finita!
Da água que escorre pelo corpo!
Da flor que ao olhar faz com que se sinta vivo!

Porque tem dessa simples beleza!
Dessas que ninguém deseja ter
Por precisar sempre de elogios...

Silêncio do pôr do sol quando ainda sente esperança!
Da reza que resta quando ninguém mais te alcança!
Do abraço de alguém que não conhece!
Do amor gratuito de uma criança!

Silêncio completo de uma promessa!
Sub entendido na espera...
Por já estar realizado na voz de quem prometeu!

Silêncio de um instante!
Do amor entregue que é inconstante!
Que é inteiro mas não duradouro!
Que é breve na perda, mas não na saída!

Silêncio de cuidado!
Silêncio de uma esquina!
Silêncio de meninas
De meninos...
E dos vazios de pensamentos e filosofias...

Silêncio do doente que espera a cura!
Silêncio da mãe que chora!
Silêncio da formiga carregando a folha!
Uma hora leva...
Outra hora é levada!

Silêncio da árvore quando é podada!
Silêncio da lágrima quando seca!
Ao deixar de lado nossas misérias mais sinceras...

Silêncio da montanha quando neva!
Silêncio da nuvem no céu!
Silêncio que está detrás do véu!
No olho que vê e não enxerga!

Silêncio de quando deitamos no chão!
De quando seguramos uma mão!
De irmão, de irmã, de amigos e dos avós!
Que é para saber que não estamos sós!
Que tem sempre quem nos acompanha...

Silêncio que muda!
Transforma!
Gera e Planta!

Que é silêncio de quando alguém te ama!
Sem excessos, sem exageros!
Silêncio da ponta da cama
Do deitar no ombro do parceiro(a)!

Silêncio simples
Que fica estampado no olho
Impregnado na íris
E não causa nunca desconforto...

Silêncio de poder ser quem se é!
De se dar sem arestas!
Silêncio com o fim único de preencher os medos...

Silêncio Valentin...
Eu sou um, e você é outro para mim.

Claudia Venegas.

(Um presente ... Que sempre reflete esses vestígios perdidos dos nossos corações)

5 comentários:

  • Anônimo disse...

    perfeito...sensivel, gratificante, incondicionalmente puro...assim como meu silencio ao ler atenciosa essas lindas palavras...
    adoro vc!

  • Cores, Letras e Notas disse...

    Silêncio de chuva de ipê,
    faz tapete amarelo, roxo ou branco
    Silêncio de jequitibá, peroba, aroeira e jacarandá.
    O silêncio da floresta calada
    ouvindo o uirapuru cantar.
    O silêncio do desabrochar da flor
    do orvalho na pétala
    O silêncio das asas da borboleta
    saindo do bolso da paisagem(G.Rosa)
    Silêncio da gestação da semente;
    do véu de chuva q chega de repente;
    do sorriso contente da natureza,
    doce sorriso de fruta madura.
    Sorriso de curva de rio
    com sol dobrado
    O desdobrar da cascata
    de pedra em pedra,
    um burburinho risonho e místico.
    Sorriso de estrelas consteladas,
    em seu silêncio de vigília à lua
    e seu silêncio de banho de prata.
    Silêncio de clareira de mata;
    do abraço da trepadeira e seu beijo de flor.

    E o silêncio dos corações cegos
    do machado afiado, sangrando seiva

    UM MINUTO DE SILÊNCIO...

    Em memória da Mãe Natureza
    O que temos feito Senhor?

    É por isso que o arco-íris não é invertido,como um sorriso no céu?

 

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