
Estou grávida!
E há três anos experimento as dores do parto
Vejo no mágico o desconhecido
Meu rosto, meu próprio filho!
Carrego um chumbo, um segredo público!
Levo no gosto o paladar do outro
Daquele que se deitou comigo
A engravidar-me de vida
A engravidar-me de dor
E digo que estou grávida!
Que carrego no ventre os desencontros
Contrações eternas do nosso encontro
Goles de uma noite esperada
Pelas meninas antes separadas
Lembro das cordilheiras
As Jura das geleiras
Da distância vencida no sono
Do sonho que trazia o perto
Do abraço prometido no travesseiro
Do ar que despiu o seu cheiro
Da beleza que concebeu nossa espera
Mas estou grávida a três anos...
Imagino o rosto de meu primogênito
Será que nele se instalou metade do que procuro?
Porque perdi o toque suave dos teus olhos em mim
Perdi o sentido dos nove meses
Perdeu-se em mim metade da neve de Santiago
E metade do calor que recebi no Brasil, no verão!
E penso em assumir o filho que carrego como sendo somente meu!
Para aliviar-me das lembranças
Para livrar-me da culpa, das tentativas de aborto...
Para livrar-me das desculpas que dou
Por ainda estar cheia daquele sorriso
De um pôr do sol que não dorme o riso...
Mas carrego-te em minha barriga por qualquer lado que vou!
Arrasta-te dentro de mim parte tua desde então!
Porque estou grávida!
Como qualquer mulher antes amada
Como qualquer mulher antes concebida por amor...
Claudia Venegas
11 comentários:
Lindo, Clau. Parab�ns. :)
Despede-se desse amor atando um nó
Como quem abraça mais forte ao partir
Jura comprometimento interno
Pacto dos segredos guardados e velhos
Ah! Injustiça você amar tanto assim...
Como marca branca que fica do anel
E pensar que nenhum outro pode estar lá
Por ter forma e brilho diferente
Se o que te espera é só o diverso
Não seja tão dura consigo mesma
Nem tão crítica com quem lhe rodeia
O macio e o suave talvez estejam
Esperando uma chance de mostrar:
Só o que vale é o presente instante.
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Ah! Perdoa o semi-epicurismo e a falta de cadência
Não que não devesse amar. Não que devesse calar.
Não que seja uma crítica. Meus punhos vêm laços
As palavras devem soar mansas para você
Porque vão como cães fiéis lhe pedir atenção.
Mas contradigo sua crença ao dizer tão reto?
É apenas como digo as coisas nas quais creio.
O amor tem basicamente essência floral
Explode em admirável efêmera beleza
Toda graça e sutileza se encontram ali
No raro momento da sua expressão
E então, esvaem-se todas num piscar.
Não deixam de terem sido perfeitas.
Mas veja bem... Olhando para adiante
Será a próxima florada, nunca aquela
E não obstante apaixonante e perfumado
Não se mostre impassível à nova vida
Pois toda florada tem seu charme
Abra passagem e acompanhe a primavera
Pois ninguém crê na sua falta de sentimento
Todas as flores sabem que você está só
Com medo de se arranhar num espinho.
de novo...
de novo...
Meu coração nada teme! Tampouco não se serve pouco da primavera! Aproveita o verão como vem, com chuva ou sol ardente!
Meu peito nada sente, mesmo que o perfume deixado fosse efemero! Não tem prazer na dor e nem necessidade de arranhar-se por todo um dia! Pelo contrário...Aceita humilde que as coisas mudaram e não tem medo de soar o que sente!
Espinho enfrenta todos os dias ao tentar exergar beleza nas flores que o rodeia!
Não se esconde como parece! Só vive a verdade de saber o que sente, adulando assim todas as primaveras!
As vezes se cansa na tentativa de silenciar...mas silencia!
Vivo esse amor , hoje somente para a arte, porque um verdadeiro sentimento deixa rastro eterno...
Ps: Mostre-se para mim! Eu quero ver...
O anônimo tem um algo inexplicável
Suas palavras são fortes e soantes
Provocam curiosidade natural
Pois posso ser todos ou qualquer um
Quando um anônimo escreve uma poesia
Solta-a para passear em outros campos
Poesia de anônimo nunca pode ser roubada
Já que nunca teve legítimo dono
E se soubesse quem sou. É quase certo
Que não me daria tanta atenção.
Ou não?
Ah! Quero brincar mais um pouco
Se me permite! Gosto tanto de jogos
Diverte-me pensar no que irá responder
Divertido é sempre, pois sempre surpreende!
Talvez pondo fim à brincadeira digo:
Que foi você quem guiou meus passos
Até o lugar ao qual cheguei
Estou apenas apreciando sua arte...
Quem derá poder ser anônimo, ou sentir que assim o devo ser...
Talvez a melancolia não me arrastasse tanto e parte de mim pudesse te ver...
Porque é bem verdade que a curiosidade me rodeia, faz discurso imprevisto!
Tenho curiosidade porque podes ser tantos mas nunca qualquer um!
E é bem verdade que se eu soubesse quem és, talvez não soubesse quem sou!
Porque saberia que parte de mim anda tão escondida que ao menos te percebi no vão!
A brincadeira também me permito de maneira ligeira e através do improviso
Já que o jogo vem com as palavras !
Mas ainda insisto que tenha nome ou apelido! :o)
Quer um rótulo fixo para que me ponha
Na extensa prateleira que guarda da vida?
Ver-me para crer ser minha testemunha
De que um dia fui algo antes da partida?
Permita que me imagine como meus ecos
Uma ondulação deslocando-se aleatória
Vadiando e arrebentando nos cantos secos
Voltando da curva para contar história
Anônima se cala perante a multidão
Pois, todos eles são ruidosos de saudade
Do que não podem ter, sem nenhuma exceção.
Seria aprazível a quietação para verdade.
Eu estou apenas a esperar um sussurro...
Eis o único lugar que irá ver cristalino
Pois a carne nos vicia em seu gosto ligeiro
Estou lhe dando embrulhada minha alma
E deixo que escolha meu nome.
Invente a festa que desejar na sua mente
Que sei que para quem está a tentar adivinhar
O óbvio é sempre companheiro do absurdo
Veja-me como sendo sempre qualquer um
E todos irão te amar como te amo
E será curiosa com eles como é comigo
E isso será como um acariciar contínuo
Você então terá todo sentimento do mundo
E não apenas um único indivíduo.
Vou deixar-te ir como um sem rosto
Porque o óbvio pode trazer-me o desconforto!
Sua alma, não posso ver! E nem pode ver...
Pois se esconde atrás do que percebes e bastante do que calas!
Também não te darei nomes, nem especularei as intenções investidas...
Antes ser como uma criança!
Tornar a brincadeira divertida...
Quis seu rosto não para que fosse algo na partida
Porque ninguém tem rosto inteiro nas despedidas!
Não foi meu ego que desejou, mas a parte sensível que está em mim quis te ver!
Porque ao contrário do que dizes ou do que crês
Sou curiosa para com todos, assim como com você!
Porque são como qualquer um, e também como todos, ruidosos de saudades!
Mas não apenas das dores do que não podem ter
Mas por não saberem o que querem...Ou por tudo querer!
Sou bem parecida com essa parte tua, a ecoar ecos!
Mas preencho meus cantos secos
Para poder continuar soprando histórias...
Então se permite...Ainda desejo dizer:
Que apesar dos pesares sou compreensiva com os que se viciam no gosto ligeiro da carne!
E é por esse motivo que sou amante de almas e não de prazeres efêmeros!
Afinal nenhuma prateleira da vida pode guardar tão bem, o que não se registra!
E antes de partir deixo:
Que posso ver todos como qualquer um!
Amar a todos como a um!
Mas não entregar a todos o que desejei dar a um!
Postar um comentário